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Olá pessoas que, talvez, ainda visitem isso aqui.

 

Então, devido a alguns gostos particulares e um acesso de modernice a parte, eu deixei o wordpress e criei um tumblr há algum tempo, mas não me perguntem porque não deixei nenhuma mensagem aqui. Acho que fiz isso porque ainda era muito apegada ao meu blog e vê-lo novamente talvez me fizesse mudar de ideia e voltar pra cá, e como eu sou 8 ou 80 mudei de vez sem olhar para trás.

 

Hoje, entretanto, por irônia do destino, fui procurar uma foto para postar no tumblr um texto antigo que havia postado aqui e acabei através da foto achando o blog rsrs. O fato é que bateu saudade, e algo disse em meu ouvido: “E se alguém gostava disso aqui e queria ver mais”… então, sem mais delongas, este é o novo endereço:

 

http://umadosedecianureto.tumblr.com/

 

 

Nesse tumblr todas as postagens são autorais como as daqui, tem muita coisa nova, mas não esqueci das antigas, volta e meia quando me foge a criatividade eu posto um texto antigo meu, que lá é novidade. Tem frases também, algumas fotos, músicas, vídeos, tudo é claro com alguma relação a mim, ou ao mundo que me cerca.

Enfim, espero que alguém ainda volte aqui, espero e acredito nisso, e esse é um dos motivos que me fizeram e fazem desistir de excluir o blog de vez. E se você for essa pessoa que ainda vem aqui, sem motivo, sem postagens novas, ou até qualidade textual, dê uma olhadinha no tumblr, é a mesma menina idiota se fingindo de escritora e com uma unica intenção, dividir pensamentos com algum outro ser e saber que não está sozinha no mundo.

 

Obrigado por tudo. Izaura Cesário. 

Deixem-me passar
Vou lhes falar de amor
Deixem-me contar
Que agora não há mais dor

Pode entrar
e se sentar meu bom senhor
Mas chegue devagar
E não faça barulho por favor

É que nesse recinto
Há um velho morador
meio durão e rabugento
que só precisa de amor

É que durante muito tempo
ele só guardou rancor
Bate fraco, meio torto
Mas bate sim senhor

Então chegue de mansinho
Debaixo do cobertor
Ao pé do ouvido, bem baixinho
Falando coisas de amor

Pés no salto alto,
chapinha no cabelo.
Não olha para os lados
Tem sorriso de modelo

Frequenta todas as boates da cidade
Gosta do refletor
Sabe todas as noticias da atualidade
Só pensa em ator

Mal sabe
A menina que passa,
toda toda,
por mim, no corredor.
Que a vaidade
É o veneno da verdade.
E que a idade
Se vai com fervor.

Sempre achei que as pessoas falavam demais,
e não é agora que vou voltar atrás.
Eu vejo, nos bancos, não só nos da praça, nas esquinas, nos sinais.
Gente que fala, e fala demais.

Juventude desinibida, que não nota que é reprimida.
pelos meios em que conta sobre a sua vida.
Eu vejo todo dia, no twitter, no orkut e redes sociais
Gente que fala, e fala demais.

Que nobre conceito este de falar, apenas pela vocação das sílabas.
Deixando no ar as palavras perdidas.
Mas que juram ditar ideais.
Eu vejo todo dia, andando pelas ruas, lojas e terminais
Gente que fala, mas nada faz.

Com suas ideias trazidas através de canais.
Criam manifestações com cotação de kbytes.
Reclamam da vida, que nem é vivida
Por trás de monitores coloridos banais.
Eu vejo todo dia, através de navegadores, link’s e sinais.
Gente que fala, mas nada faz.

Pobres crias das guias que a página trás
Veem um mundo, que não é mundo, são coisas virtuais
Cheios de conceitos, sem originalidade, que um fio trás.
Mas na velocidade de terabyte, quem é que não se atrai?
Eu vejo todo dia, na internet, na TV, nos jornais
Gente, que pro mundo das coisas reais, se deixado para trás, tanto faz.

 

Sentia algo que não sabia dizer, ou explicar, muito menos escrever. Mas sabia da falta de ar, que ele havia lhe causado na primeira vez que o viu. Não, não foi como uma cena de filmes hollywoodianos, foi até atrapalhado, e estranho. Ignorou, entretanto, aquilo que estava pensando. Vai ser só mais um papo sem ânimo.

Era engraçado o jeito que ele falava, e de fato, mesmo que permanecesse calado a faria rir,um jeito torto e engraçadinho de ser. Com o tempo os detalhes, sorrisos e bobeiras, tudo era essencial, qualquer palavra, gesto. E via ressurgir um sorriso bobo à falar com alguém, que a muito estivera longe de sua face.

Não vai dar em nada, repetia diariamente a si mesma, mas mesmo assim não resistia, queria falar com ele, descobrir sobre ele, ou ao menos só deixar ele falar. E ele falava, e ela ouvia, coisas que queria e as que não queria também. Não importava. A voz dele soava como música, mesmo quando as palavras lhe cortavam em duas, três, milhões.

Entretanto era estranhamente preocupante o jeito que ele a deixava, nervosa, com um frio na barriga, pensando milhões de vezes antes de qualquer palavra, e mesmo assim se sentindo tão livre para falar. Sentiu medo, e como um prisioneiro que foge de seu júri, correu, evitou. Afogava seus sentimentos mais uma vez, antes mesmo deles poderem crescer. Como uma planta exposta ao sol, deixou sem dó tudo murchar, secar, até virar pó.

Escrevo rimas, versos, poemas.
Soltos, desconexos, disléxicos,
desde que me desprendi de você.

Ah tanta coisa mudou,
eu andaria de paris,
à moscou.
Só para novamente lhe ter.

Mas com você nem ai,
e um outro,
qualquer,
bem aqui.
Ficou difícil decidir.

É lá vou eu,
retornar aos tempos que,
outrora,
jurei jamais regressar.
E lá vou eu,
de novo,
para minha vida vadia voltar.

Andava despretensiosamente de carro, por alguma rua, de um bairro qualquer. Na verdade não se recorda muito bem. Apenas aconteceu. Tem em mente a imagem do caminhão e uma vaga lembrança de tudo pelos ares. “Ela não conseguiu desviar” alguns diziam. Da visão dela, o caminhão se materializou em sua frente, lembrava de chamar por deus, e nada mais.

Acordou. Sentia-se longe de seu corpo, ouvia vozes que ora ficavam altas, ora quase imperceptíveis. E em meio a tanta dor a única coisa que conseguia fazer era notar pequenas luzes coloridas que variavam de posição.

Demorou um pouco até notar que já estava no hospital. Dados os devidos tratamentos passou três messes internada, afinal, havia quebrado três costelas, duas pernas e uma leve lesão no pulmão causada por uma das costelas. Findo o martírio até agradecia. Ao menos estava viva.

Ao voltar para casa deparou-se com seu carro, que já não era mais um carro, e sim um emaranhado de ferros retorcidos. Havia ficado ali, em meio a tanta preocupação ninguém da família teve tempo de vende-lo. Desfez-se dele no mesmo dia, queria aquilo fora dali, pensava que com ele iriam as lembranças, e a horrível certeza de que a vida tem fim. Enganou-se.

As noites seguintes foram pavorosas, não conseguia dormia direito. Começava a ponderar o quanto a vida era frágil, e a calcular quantas coisas teria perdido se estivesse morta. Messes haviam se passado e as ideias perduravam. Já não sabia mais o que fazer, tinha medo de estar louca e por vezes chegava a crer que estava morta, presa nesse plano, ansiando pelas coisas não feitas.

Um dia a caminho do trabalho, avistou uma loja de turismo, não pensou duas vezes, entrou e saiu de lá com uma viagem a paris. Vendeu casa, o carro, saiu do emprego e foi embora. E os seus amigos, costumam dizer que da boca dela só sai um dito. “O seu carro não é melhor que o seu sorriso.”

Maldita hora que deixei-me levar
Que me entreguei
ao teu olhar
A tua boca seca que bem sei

Me dei:

Por inteiro
meio
metade
final
Sabendo do amor em estado terminal

Haverá eu perdão a suplicar?
Se no calor dos seus braços
Me fiz por enganar
E amarrei os laços

Ah os laços!
Que tendem a me arrastar,
para os seus braços e abraços
Que vem ao meu coração judiar

Não quero o suplício celestial
Me nego a qualquer perdão
Fujo de qualquer ritual
que me arranque esse cordão

Que prendi em ti
com cadeados cuja as chaves não sei aonde pus
Deixe aqui
o meu coração, para morrer em cruz

“Mamãe brigou com papai,
papai com mamãe não pode.
Mamãe puxou a navalha
papai berrou que nem bode”

“Me desculpe minha senhora,
era de noite e eu não via.
Peguei na perna da mãe,
pensando que era da filha.
Perna de velha é cascuda,
perna de moça é macia.”

“Eu dei um pulo por cima da ligeireza
Tamborete, cama, mesa
cadeira de balançar.
E eta lá e eta cá, segura o pé.
E o cacete como é?
O porrete é de matar.
Moleque novo não me pise no cangote,
se pisar leva chicote
morre doido de apanhar.”

Esses versos são do meu bisavô, Sebastião Vargas. Contados e cantados, pelo o meu avô, desde a minha infância, dos quais pretendo contar aos meus filhos e os meus filhos aos seus. Uma hereditariedade da minha família.

Queria agradecer ao meu avô, pelas histórias antes de dormir, os versos e o jogo de bingo depois do jantar. E dizer que o admiro muito, por sua inteligência e vivência, e que tenho nele um herói. E dedicar a ele boa parte desta minha criatividade, que ele tanto incentivou com suas histórias que me faziam imaginar um mundo de mil cores.

Um bom CD no som, uma garrafa de vinho pela metade. E tudo aquilo que ela nunca tinha experimentado. Sorria, um sorriso bobo, com o retroceder das lembranças, quase uma retrospectiva  daquelas que se vê todo fim de ano na TV. Desta vez, entretanto, não estava sentada no sofá da sala, e sim deitada na cama zelando-lhe o sono.

Príncipes encantados não existiam, mas disso ela já sabia. Chegava enfim
a conclusão de que, na verdade, o que existia era o mundo dos homens e dos garotos. O mundo sempre se separa. De fato.                                                   De fato também que nunca havia conhecido ninguém que fosse capaz de lhe fazer tão bem assim.E de que nunca, antes daquela noite, havia notado esta diferença. Não foi porque ele pagou a conta do motel, muito menos porque a levou até um, não era o vinho ou a Sade tocando ao fundo, era o jeito, o toque, o olhar. “Coisas pequenas mudam a vida de uma pessoa”. Um dia leu isto em algum lugar, nunca dera muita atenção à frase. Agora, fazia todo o sentido.

Ele era lindo, tão quanto um príncipe encantado. E não importava o fato dele comer batata frita com queijo parmesão, o sorriso amarelado ou as meias furadas pelo chão. Mas aonde está escrito, nas histórias de príncipes, que no outro extremo da coroa, por baixo dos sapatos de sua realeza, não há meias furadas também? Pensava, enquanto ele aos poucos despertava abrindo-lhe um largo sorriso.

Se beijaram, levantaram e foram tomar um café, em um bar qualquer, que ao seu ver, não era menos importante ou bonito, do que o melhor restaurante da cidade. Estreava ali, em algum lugar de uma grande cidade, sem castelos ou títulos de nobreza, o inicio do seu conto de fadas. Pós-moderno.